A experiência do meu parto…

Sempre amei ler o relato de parto de outras mulheres, sempre me inspirou e me encheu de expectativas que um dia eu escreveria o meu. E escrevi. Meu relato ficou lindo, detalhado, mas na hora de publicá-lo, algo me impediu. Nunca tinha percebido o quão intimo era aquele momento, e eu e meu marido decidimos que ficaria apenas entre nós.

Mas, eu não poderia deixar de falar sobre meu parto. Mesmo não contando a história, ainda tem muito o que falar sobre ela. Afinal, mesmo estudando muito sobre um assunto, teoria é apenas teoria, e não existe nada melhor que a experiência pra nos mostrar a verdade. E, ainda assim, um lado da verdade, porque na hora H pode acontecer N possibilidades. Por isso, venho contar a verdade que eu encontrei (que eu sei que não é a verdade de todas).

Quando eu engravidei a primeira vez, descobri que escolher a via de parto não era tarefa simples, muito menos lógica. O normal é fazer cesárea, e ainda escolher uma data bem bonita para seu filho nascer. O parto normal é quase demonizado e as grávidas que querem essa opção são consideradas muito corajosas, ou são olhadas com dúvida de “acho que ela não vai aguentar”.

Existe um conceito muito errôneo de mulher dentro da nossa sociedade. Fomos consideradas fracas pra parir, tiraram nosso poder de ter nosso filho sem depender de ninguém. E o pior, as mulheres acreditaram nisso, acreditaram que precisam ser muito corajosas pra parir, e que são realmente o sexo frágil. Como o sexo frágil vai passar pela dor do parto? Não tem sentido.

Porém, eu vejo o inverso disso. Eu vejo mulheres que brigaram por seu espaço, que vêm conquistando o mercado de trabalho machista, e ainda hoje recebem salários mais baixos. Mulheres que trabalham, cuidam dos filhos, da casa, do marido e se duvidar ainda tem um hobby no tempo livre. Mulheres são muito fortes. Mas, mesmo assim, tem medo de sua própria natureza.

E quando assumimos a nossa natureza, os olhares da sociedade para nós são os mais diversos. Alguns nos consideram índios, outros que estamos voltando no tempo e negando a modernidade e a praticidade de fazer uma cesárea, outros nos consideram meio hippies malucas, e alguns apenas esperam pra ver o que aquela história vai dar.

Então, é assim, o trabalho de parto começa a partir do momento em que você decide por um parto normal. Porque, primeiro você tem que pesquisar muito, esclarecer todos os mitos que existem, e entender a história da medicalização do parto. Depois, começa a luta por um médico, a maioria fala que faz o parto normal, mas no final da gravidez arruma uma desculpa super aterrorizante que te convence em marcar uma cesárea correndo (por isso a importância da primeira etapa). A terceira etapa é a sua preparação, você precisa estar forte e consciente do seu corpo. E enfim chega o trabalho de parto em si, que no fim acaba sendo o mais fácil, porque seu corpo trabalha sozinho.

E eu não vou sentar aqui e digitar um mega texto e te falar que o parir não dói. Sim, parir dói. Mas é uma dor necessária. É um processo de separação, é o corpo do seu filho separando do seu, como não iria doer? É a primeira etapa da vida que seu filho precisa passar. E não tem preço que pague você pegar seu filho no colo.

E esse é o momento libertador, você pega aquele serzinho, todo gosmentinho, que acabou de sair de dentro de você, abraça, beija e sente o cheiro de sua cria. É o momento da vitória, vocês venceram aquela dor, venceram todo um sistema, e aquele momento de amor sublime é um troféu.

Toda mulher deveria parir, e encontrar sua força, encontrar a sua verdade. Toda mulher deveria assumir sua natureza e provar que o sexo frágil não é tão frágil assim. Toda mulher deveria apenas ser mulher.

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(
foto daqui)

E ainda tenho muito a dizer sobre meu parto, mas vou deixar para outra oportunidade.

Jéssica Meneghel